Quando deu por si já quase anoitecera e lá estava ela sentada ao banco de um transporte público com seus fones de ouvidos conectados. Tocava Arctic Monkeys. Suas mp3’s eram bem variadas. Ao término da música começou outra completamente diferente até de seu gosto musical. Ela lembrou que era a pasta que havia copiado errado, algumas musicas sertanejas de seu pai. O transporte estava lotado, porém ela não prestava atenção a sua volta. Seu pensamento estava nele. Olhava pela janela as nuvens deslizando no céu que escurecia aos poucos. De um amarelo ouro até um roxo púrpuro. Era hora do crepúsculo. Lembrara do livro de vampiros que estava lendo. Adorava ler. E adorava vampiros. Pegou o livro folheou as páginas até o último capítulo, e começou a leitura. O capitulo foi breve estava ansiosa para o próximo livro. E aflita pensando nele. A saga era muito boa. Mas não conseguia deixar de olhar um segundo para seu aparelho celular imaginando quando ele a faria uma surpresa novamente. Ele havia contado para ela que não era muito adepto ao uso de celular. Então quando ela tentava contato e não conseguia sentia um vazio tão grande. E para compensar ele quando enviava mensagem para ela, em seu coração rolava uma festa de carnaval. Ela sorriu sozinha. As pessoas olhavam para ela. Porém, adorava estar feliz, não importasse quem a estivesse olhando ela queria sorrir. Não era possível controlar certas emoções que o garoto lhe despertara. Quanto mais. Mais ela gostava.
Ela sempre pensou estar incomodando ele de alguma forma. Mandava diversas mensagens sem obter resposta, e sempre que ligava ele não atendia. O que será que ele pensava quando pegava o celular e via aquele monte de ligações e chamadas perdidas. Independente do que fosse. Ela só ligava porque queria conversar. Saber mais dele. Adorava ouvir sua voz. E certas coisas que ele falava para ela. A confortava de alguma e inesperada forma. Sua mão ficou gélida sentiu o celular vibrar. Respirou fundo. Dentro de seu peito junto com o ar, um vazio. Olhou para o celular não era a pessoa esperada. Decepção. Sua mão soou frio ficou molhada. Secou a mão. Leu a mensagem respondeu a sua amiga. E deu play no tocador de musicas. Outro sertanejo parou para entender a letra da música. Não tinha costume de comparar seus sentimentos e estados emocionais com músicas, mas elas sempre se encaixavam de forma inesperada em certos momentos de sua vida. Por isso amava a música, a melodia, a harmonia, a letra e todo esse conjunto.
“(…) me arranca desse inferno me leva pro seu paraíso, eu não desisto do que eu quero, mas não me desespero, te espero; na tarde quente ou madrugada fria, na tristeza ou na alegria; ficar sozinho não rola mais amor não se implora nem se joga fora, o amor à gente conquista e não a quem desista de o coração chora (…)”.
Esse trecho da música fez duas lágrimas escorrerem por sua face rosada, secou com a ponta de seus dedos. Ficou observando-as, imaginando o por quê elas simplesmente brotaram em seus olhos. Pensava nele. Queria ele. Ela queria ser desejada. Olhou novamente para o céu. O crepúsculo já havia se defasado, era noite. Estrelas piscavam no céu. Levantou de seu acento, puxou o sinal do ônibus e foi caminhando em direção até a sua residência. Era como se o mundo tivesse congelado, nada importava; só ele. Queria saber dele. Estava cansada. Foi até seu leito e antes de se deitar olhou seus olhos no espelho, eles brilhavam. Ela sorriu novamente. E durante essa noite, ela sonhou com ele, outra vez.